Lombalgias
por Amigos do Hospital de Barcelos, domingo, 29 de Janeiro de 2012 às 09:43 ·
As lombalgias fazem parte de um grupo de patologias denominado raquialgias, que como o nome indica consistem em dores reportadas à coluna vertebral e que inclui as lombalgias e as cervicalgias.
A coluna vertebral é uma cadeia de ossos que estabelece uma ligação entre as partes superior e inferior do corpo. É constituída por 7 vertebras cervicais, 12 vértebras dorsais, cinco vértebras lombares, cinco vertebras unidas que formam o sacro e ainda pelo cóccix.
As raquialgias podem ser de causa degenerativa, infecciosa, inflamatória, metabólica ou neoplásica. Os segmentos cervical e lombar são normalmente os mais afectados, por serem os segmentos mais móveis da coluna.
As lombalgias são a causa mais comum de padecimento do foro ortopédico, sendo as queixas reumáticas mais frequentes e um dos principais motivos de incapacidade antes dos 45 anos de idade, estimando-se que cerca de 80% da população tem pelo menos um episódio ao longo da vida. Acompanham o homem desde os primórdios da História e estão relacionadas com a posição erecta pela contracção dos músculos espinhais.
A dor pode variar desde uma dor contínua e incomodativa até uma dor súbita e aguda geralmente na sequência de um esforço ou traumatismo.
A lombalgia aguda, surge subitamente e geralmente dura alguns dias ou semanas, cedendo as queixas antes de dois meses. A lombalgia é chamada crónica se a dor persiste por mais de três meses.
São vários os factores que afectam o desenvolvimento de lombalgia entre os quais se salientam a profissão, a obesidade, o consumo de tabaco e o envelhecimento.
Na maioria dos casos, a etiologia encontra-se ligada à deterioração degenerativa do disco intervertebral ou à alteração funcional das estruturas musculo-ligamentares.
O disco intervertebral é uma estrutura fibrosa interposta entre as várias vértebras que compõem a coluna. Esta estrutura é composta na sua periferia pelo ânulo fibroso e no seu interior o núcleo pulposo.
A deterioração degenerativa do disco intervertebral provoca uma reacção óssea das vértebras anexas que leva à formação de apófises ósseas designados osteófitos, os quais no RX apresentam uma aparência semelhante a bicos de papagaio, nome porque são conhecidas.
Para além das alterações do disco intervertebral, todas as estruturas da coluna lombar podem contribuir para a lombalgia.
Relativamente à patologia da coluna propriamente dita temos a considerar a hérnia discal, a estenose lombar, a espondilolistese e a artrose.
Para além da patologia directamente relacionada, também podem ser causa de lombalgia a patologia do foro reumático, tumores e doenças metabólicas. Por vezes não é possível diagnosticar a causa exacta da lombalgia.
As lombalgias podem também ser de origem traumática, com ou sem fracturas.
Para além das patologias referidas, outras há que podem dar sintomatologia reportada à região lombar, como é o caso das hemoglobinopatias, da patologia renal, da patologia ginecológica, da patologia vascular e da patologia gastrointestinal.
No caso da lombalgia simples, a dor é localizada, sem irradiação. Já no caso de estarmos perante uma hérnia discal, à lombalgia associa-se a dor radicular, uma dor irradiada para os membros inferiores, que se agrava na posição de sentado. Para além da dor, existe um conjunto de sintomas associados que estão relacionados com a compressão das raízes do nervo ciático que vão sucessivamente emergindo pelos buracos foraminais ao longo da coluna, tais como sensação dormência ou formigueiro, com irradiação frequente para baixo do joelho.
No caso da Estenose Lombar, ou canal estreito lombar, resultante das alterações degenerativas que condicionam uma diminuição do calibre do canal onde se encontra a medula espinal e as suas ramificações, a ciatalgia não é predominante, sendo característica a claudicação intermitente, uma dor e sensação de falência das pernas que surge após percorrer uma certa distância.
Para o diagnóstico da etiologia das lombalgias, além da anamnese e do exame físico, podemos socorrer de manobra diagnósticas como por exemplo os testes de Lasègue ou Bragard.
Para um estudo mais aprofundado recorremos aos Exames Complementares. O primeiro exame solicitado é o RX, o qual possui um interesse limitado pois só permite avaliar as estruturas ósseas e geralmente sem correlação com a clínica. Para um estudo mais aprofundado utilizamos a TAC (mais dirigida às estruturas ósseas) ou a RMN: examina todo o segmento; melhor definição para as partes moles. Este estudo pode ser complementado com a EMG para a diferenciação dos sintomas radiculares ou a Cintilografia em situações específicas.
O tratamento das lombalgias agudas é geralmente conservador e apenas 10% dos casos requerem cirurgia. O tratamento da lombalgia tem por objectivo aliviar a dor e pode incluir repouso no leito de curta duração, analgésicos, anti-inflamatórios não esteróides (AINE), relaxantes musculares, fisioterapia e por vezes o uso de cintas de apoio lombar ou lombostatos.
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