domingo, 26 de fevereiro de 2012

Uma apresentação do Hospital de Barcelos

Uma apresentação do Hospital de Barcelos


            Como nota introdutória, penso que é importante os cidadãos servidos pelo Hospital de Barcelos conhecerem melhor a instituição que os serve, saberem qual o seu património histórico, quais os seus pontos fortes e quais as suas limitações.
            Os dados desta apresentação foram recolhidos através de uma pesquisa em portais oficiais, abertos e disponíveis a quem os quiser consultar, referenciados no final. Peço desde já desculpa pelas eventuais omissões e imprecisões que possa conter e que certamente corrigirei com o vosso apoio.
A história do Hospital de Barcelos está há muito ligada à história da cidade. Desde a gafaria medieval à entrada de um dos principais pontos de passagem do caminho de Santiago até às actuais instalações, o passado do hospital acompanha o evoluir da cidade.
A gafaria, um centro onde eram recolhidos os leprosos, foi construída junto às portas da cidade, perto de uma antiga passagem a vau sobre o rio Cávado, cerca do século XIII. À gafaria sucedeu o Hospital do Espírito Santo, construído na sequência da ponte medieval, ao que havia de suceder no século XIX parte do edifício do extinto Convento dos Capuchos, entregue então à Santa Casa de Misericórdia, situado perto do centro da cidade, junto ao Campo da República, também conhecido pelo Campo da Feira.
As actuais instalações que formam o actual Hospital de Barcelos são compostas por um conjunto de três edifícios principais e dois edifícios anexos. Partindo de poente para nascente, ou seja partindo do Campo da República, temos um primeiro edifício com três pisos, onde funciona no piso inferior o Serviço de Urgência, o Serviço de Imagiologia (RX) e a admissão para a Consulta Externa. No segundo piso funcionam a Consulta Externa, o Serviço Social, o Hospital de Dia, a Administração e ainda a Esterilização. Finalmente no terceiro piso funcionam serviços de apoio como a Informática.
O edifício integrado no antigo convento está unido através de um corredor a outro mais recente, inaugurado em 1970, com seis pisos. Neste bloco, no primeiro piso funciona a recepção, o laboratório, parte do Serviço de Pediatria e ainda o refeitório. No segundo piso funciona a parte restante do Serviço de Pediatria, o Bloco Operatório, o Serviço de Anestesia e a Cirurgia de Ambulatório, criada em 2008. No terceiro piso funciona o internamento das especialidades cirúrgicas com 37 camas, onde são internados os doentes para tratamento cirúrgico. No quarto piso funciona a Serviço de Medicina Interna com 41 camas. O quinto piso funciona como internamento das especialidades cirúrgicas com 34 camas, onde são internados os doentes que não carecem de tratamento cirúrgico e onde por vezes são também internados doentes pelo Serviço de Medicina Interna. No sexto piso funciona o bar e a central telefónica.
O último dos edifícios principais foi construído nos anos noventa e nele funcionam a Farmácia, o Aprovisionamento no piso inferior e os serviços administrativos no piso superior.
Quanto à sua actividade assistencial, o Hospital de Barcelos, Hospital de Santa Maria Maior, E.P.E serve essencialmente a população dos concelhos de Barcelos e Esposende.
As principais portas de entrada para o atendimento são o Serviço de Urgência e a Consulta Externa, de onde derivam os doentes para tratamento ambulatório, para tratamento cirúrgico ou para outro tipo de tratamento que careça de internamento.
O nível da sua Urgência é Médico-Cirúrgica do tipo Geral, a qual recebe anualmente cerca de 90.000 utentes (88876 em 2009).
É um serviço que dispõe das valências básicas: Medicina Interna, Cirurgia Geral no período de 2ª Feira a Domingo das 00:00 - 00:00, Ortopedia no período de 2ª Feira a Domingo das 08:00 - 20/22:00 (09:00 - 22:00)*, Anestesiologia no período de 2ª Feira a Sábado (2ª Feira a Dom)* das 08:00 - 21:00, Imagiologia e Patologia Clínica no período de 2ª Feira a Domingo das 00:00 - 00:00.
Relativamente à Consulta Externa, a segunda grande porta de entrada do Hospital, efectua por ano cerca de 80.000 Consultas (77938 em 2009). É um serviço que dispõe das especialidades de Anestesiologia, Cirurgia Geral, Ginecologia/Obstetrícia, Medicina Interna, Oftalmologia, Ortopedia, Otorrinolaringologia, Pediatria, Pneumologia e ainda Psicologia e Nutrição.
O Bloco operatório tem duas salas em funcionamento e nele são realizadas por ano cerca de 5.000 intervenções cirúrgicas (4845 em 2009), sendo a maioria delas realizadas em regime de ambulatório (2689 em 2009).
Relativamente à sua organização, segundo o organograma disponível na sua página oficial, o Hospital de Barcelos está dividido em Serviços de Gestão, em Serviços de Prestação de Cuidados e Serviços de Suporte à Prestação de Cuidados, dispondo ainda de Órgãos de Apoio Técnico.
Relativamente aos Serviços de Prestação de Cuidados, de acordo com a mesma fonte, eles estão organizados em Serviço de Ginecologia/Obstetrícia, Serviço de Pediatria, Serviço de Medicina Interna e Especialidades Médicas (Pneumologia), Serviço de Cirurgia (incluindo Oftalmologia e Otorrinolaringologia), Serviço de Ortopedia, Bloco Operatório, Serviço de Anestesiologia, Serviço de Urgência, Consulta Externa, Cirurgia de Ambulatório e VMER.


*Dados do Portal da Saúde

Fontes:
Página oficial do HSMM, E.P.E : http://www.hbarcelos.min-saude.pt
Santa Casa de Misericórdia de Barcelos: http://www.scmb.maisbarcelos.pt
Portal da Saúde: http://www.portaldasaude.pt

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Conceitos de Orto-Traumatologia


Conceitos de Orto-Traumatologia

por Amigos do Hospital de Barcelos, quarta, 8 de Fevereiro de 2012 às 11:26 ·
            A Orto-Traumatologia abarca as lesões ósseas e tendinosas dos membros superiores, inferiores, bacia e coluna. Outros tipos de traumatismos que atingem outros ossos são orientados por especialidades como por exemplo a Cirurgia Geral, para os traumatismos abdominais e a Neurocirurgia para os traumatismos cranianos.
            Merecedor de particular atenção é o grande politraumatizado o qual pode ser vítima de fracturas ósseas complexas, com perdas sanguíneas importantes.
            Os ossos quando sofrem traumatismo e “partem” não o fazem sempre da mesma forma e o tipo de lesão varia conforme o tipo de traumatismo e a intensidade desse mesmo traumatismo. As fracturas não são todas iguais Para um correcto tratamento é necessário definir bem o tipo de fractura, pois fracturas diferentes têm diferentes indicações de tratamento, que pode variar de uma simples imobilização e tratamento sintomático até à necessidade de redução e fixação cirúrgica.
            As fracturas podem ser caracterizadas de várias maneiras e assim diferenciamos logo dois grandes grupos, as fracturas “fechadas", isto é, houve uma fractura mas sem comunicação com a parte externa do corpo e a fracturas “expostas”, que ocorrem quando a fractura tem alguma comunicação com o meio exterior.
            Dependendo do tipo podem ser simples, com um traço único de fractura ou cominutivas, isto é em vários fragmentos.
            As fracturas podem ocorrer na zona média do osso ou na sua extremidade, envolvendo articulações, sendo portanto fracturas articulares.
            As fracturas podem ser estáveis nas quais depois de reduzidas basta uma simples imobilização, ou instáveis, isto é com tendência a desviar e nesse caso o tratamento será necessariamente mais agressivo.
            As fracturas nas crianças adquirem um comportamento particular e uma vez que o osso está envolvido por um densa camada peri-óssea, fazendo a chamada fractura em ramo verde. Outro tipo de fracturas na criança que podem ter consequências imprevisíveis a longo prazo são as fracturas envolvendo a cartilagem de crescimento, os chamados descolamentos epifisários que também podem ser de vários tipos e requerer tratamentos pouco ou muito agressivos
            Além dos tipos referidos podemos ainda ter fracturas associadas a luxações e fracturas patológicas, as fracturas que acontecem em ossos fragilizados quer por osteoporose quer por lesões metastáticas associadas a patologia cancerígena.
            Como em tudo na Medicina, para o diagnóstico das fracturas é importante uma boa História Clínica, que identifique a natureza do acidente, a intensidade do traumatismo, a localização do traumatismo, a localização e intensidade da dor e a limitação funcional.
            Colhidas as primeiras informações que nos orientam para a possível lesão e gravidade do traumatismo, prosseguimos com o exame clínico e se necessário recorremos ao auxílio de exames complementares de diagnóstico, de modo a caracterizar perfeitamente a lesão para poder programar o seu tratamento adequado.
            Para além do osso, outras estruturas podem ser lesadas na articulação, sendo as mais atingidas os ligamentos, os quais são bandas fibrosas que reforçam a coesão da articulação mantendo as peças ósseas unidas. Um esforço excessivo sobre as estruturas ligamentares provoca a chamada entorse. Consoante a violência do traumatismo, a entorse pode variar desde uma simples distensão do ligamento até uma rotura completa, com implicações terapêuticas diferentes.
            O tipo de patologia traumática varia conforme a idade, sendo que no idoso são mais frequentes as fracturas distais do rádio, as fracturas proximais do fémur (colo do fémur, maciço trocantérico e outras) e as fracturas dos corpos vertebrais.
            Já no indivíduo jovem são mais frequentes as lesões ligamentares do tornozelo e joelho, associadas frequentemente a acidentes desportivos, as fracturas de alta intensidade geralmente associadas a acidentes de viação e traumatismos da coluna graves.
            Relativamente à criança as lesões mais frequentes são a fractura em ramo verde, o descolamento epifisário e a pronação dolorosa (uma subluxação da tacícula radial em relação ao ligamento anular, resultante de uma tracção brusca sobre o membro superior da criança e geralmente de fácil redução)

Artrose (Osteoartrose)


Artrose (Osteoartrose)

por Amigos do Hospital de Barcelos, sábado, 4 de Fevereiro de 2012 às 11:11 ·
     A osteoartrose (também conhecida por artrose) é uma doença degenerativa de carácter progressivo que afecta as articulações, provocando incapacidade para o ser humano ao atingir órgãos importantes para a funcionalidade na vivência do dia-a-dia, como são a mão, o joelho, a anca, a coluna vertebral e o pé.
    O processo artrósico pode atingir todas as articulações, mas afecta principalmente os segmentos cervical e lombar da coluna vertebral, a articulação carpo-metacarpiana do primeiro dedo da mão (rizartrose), as articulações interfalângicas proximais e distais dos dedos da mão, a articulação coxo-femoral (coxartrose), a articulação do joelho (gonartrose) e a articulação metatarso-falângica do primeiro dedo do pé.
     Uma articulação é uma estrutura do organismo que mantém a coesão entre as peças ósseas que constituem o esqueleto permitindo algum grau de mobilidade entre elas. De acordo com o seu grau de mobilidade podem ser fixas (como as do crânio), semimóveis ou móveis (ombro, joelho, anca mãos, pés, etc.).
     Na zona da articulação, os ossos estão revestidos por uma camada fina e lisa que, entre outras funções, facilita a mobilidade dos ossos entre si. A zona da articulação entre as peças ósseas encontra-se encerrada dentro de uma bolsa relativamente estanque que contém um líquido viscoso que serve principalmente para permitir uma lubrificação da articulação, de modo a que as peças ósseas se possam mover sem grande atrito o qual constitui a cápsula articular. Em determinados pontos, esta cápsula articular encontra-se reforçada por faixas fibrosas resistentes que constituem os ligamentos.
     A osteoartrose afecta inicialmente a cartilagem articular mas com o evoluir da lesão atinge progressivamente outras estruturas. Como resposta à agressão, desencadeia-se um processo inflamatório e como a articulação é uma bolsa limitada por uma membrana, esta responde com um aumento do líquido sinovial intra-articular, ocasionando edema e derrame dentro da articulação o qual poderá ter interesse drenar não para curar a artrose, mas para aliviar uma tensão excessiva capaz de provocar dor intensa e sofrimento da articulação. A punção articular é um procedimento delicado e que só deve ser efectuado em situações de indicação precisa.
    Para além da membrana, o próprio osso anexo à articulação responde com uma maior formação de tecido ósseo aumentando a densidade de forma visível no RX (esclerose sub-condral),  progride com a criação de saliências ósseas denominadas osteófitos e com a própria diminuição da inter-linha articular, ou seja, do espaço entre os ossos envolvidos.
     Sendo uma doença degenerativa de carácter progressivo, atinge essencialmente pessoas duma faixa etária mais avançada, se bem que possa ser precipitada por factores constitucionais ou de origem traumática.
     Trata-se de uma das principais causas de incapacidade na pessoa idosa e revestindo-se de particular relevo o facto de estar associada, neste grupo etário, a outras doenças também incapacitantes.
     O diagnóstico tem por base a História Clínica, na qual se incluem as queixas que levam o doente a recorrer ao médico, como sejam a dor e a impotência funcional e um exame clínico que nos mostra as alterações provocadas pela doença, tais como a limitação da mobilidade, a deformidade ou sinais inflamatórios.
    A dor é essencialmente de carácter “mecânico”, ou seja, agrava-se com os movimentos. É frequente também uma “rigidez matinal”, traduzida no facto do doente sentir dificuldade em mobilizar o membro afectado no início da manhã.
     O diagnóstico clínico é complementado por um exame simples e acessível o qual nos permite o a confirmação da doença como é o RX. Para casos mais complexos em que este exame não fornece informação suficiente, podemos recorrer a outros exames mais diferenciados, nomeadamente a TAC.
      A osteoartrose é uma doença crónica e o seu tratamento é muito variado, limitando-se sobretudo a educar o doente, aliviar os sintomas, minimizar a incapacidade e evitar a progressão da doença.    
     Como armas terapêuticas podemos incluir numa fase inicial um tratamento “médico” (não cirúrgico) envolvendo a reabilitação - hidroterapia, tratamento termal, cinesioterapia, etc.- e terapêuticas farmacológicas - dirigidas aos sintomas e que podem ser de aplicação tópica, sistémica, intra-articular e peri-articular.
     Se o tratamento médico não for suficiente, devemos ponderar em casos bem estudados o tratamento cirúrgico. 
     O tratamento cirúrgico permite numa fase mais ou menos precoce corrigir desvios anatómicos ou anomalias articulares que impliquem sobrecarga da articulação atingida. Numa fase mais avançada, que se pretende tardia devido à vida limitada dos implantes, a substituição da articulação, no todo ou em parte, por uma prótese, desenvolvidas para várias articulações, mas com aplicação prática sobretudo para as grandes articulações do membro inferior, anca e joelho.

Lombalgias


Lombalgias

por Amigos do Hospital de Barcelos, domingo, 29 de Janeiro de 2012 às 09:43 ·
           As lombalgias fazem parte de um grupo de patologias denominado raquialgias, que como o nome indica consistem em dores reportadas à coluna vertebral e que inclui as lombalgias e as cervicalgias.
           A coluna vertebral é uma cadeia de ossos que estabelece uma ligação entre as partes superior e inferior do corpo. É constituída por 7 vertebras cervicais, 12 vértebras dorsais, cinco vértebras lombares, cinco vertebras unidas que formam o sacro e ainda pelo cóccix.
          As raquialgias podem ser de causa degenerativa, infecciosa, inflamatória, metabólica ou neoplásica. Os segmentos cervical e lombar são normalmente os mais afectados, por serem os segmentos mais móveis da coluna.
           As lombalgias são a causa mais comum de padecimento do foro ortopédico, sendo as queixas reumáticas mais frequentes e um dos principais motivos de incapacidade antes dos 45 anos de idade, estimando-se que cerca de 80% da população tem pelo menos um episódio ao longo da vida. Acompanham o homem desde os primórdios da História e estão relacionadas com a posição erecta pela contracção dos músculos espinhais.
           A dor pode variar desde uma dor contínua e incomodativa até uma dor súbita e aguda geralmente na sequência de um esforço ou traumatismo.
          A lombalgia aguda, surge subitamente e geralmente dura alguns dias ou semanas, cedendo as queixas antes de dois meses. A lombalgia é chamada crónica se a dor persiste por mais de três meses.
          São vários os factores que afectam o desenvolvimento de lombalgia entre os quais se salientam a profissão, a obesidade, o consumo de tabaco e o envelhecimento.
          Na maioria dos casos, a etiologia encontra-se ligada à deterioração degenerativa do disco intervertebral ou à alteração funcional das estruturas musculo-ligamentares.
          O disco intervertebral é uma estrutura fibrosa interposta entre as várias vértebras que compõem a coluna. Esta estrutura é composta na sua periferia pelo ânulo fibroso e no seu interior o núcleo pulposo.
           A deterioração degenerativa do disco intervertebral provoca uma reacção óssea das vértebras anexas que leva à formação de apófises ósseas designados osteófitos, os quais no RX apresentam uma aparência semelhante a bicos de papagaio, nome porque são conhecidas.
           Para além das alterações do disco intervertebral, todas as estruturas da coluna lombar podem contribuir para a lombalgia.
           Relativamente à patologia da coluna propriamente dita temos a considerar a hérnia discal, a estenose lombar, a espondilolistese e a artrose.
     Para além da patologia directamente relacionada, também podem ser causa de lombalgia a patologia do foro reumático, tumores e doenças metabólicas. Por vezes não é possível diagnosticar a causa exacta da lombalgia.
           As lombalgias podem também ser de origem traumática, com ou sem fracturas.
           Para além das patologias referidas, outras há que podem dar sintomatologia reportada à região lombar, como é o caso das hemoglobinopatias, da patologia renal, da patologia ginecológica, da patologia vascular e da patologia gastrointestinal.
           No caso da lombalgia simples, a dor é localizada, sem irradiação. Já no caso de estarmos perante uma hérnia discal, à lombalgia associa-se a dor radicular, uma dor irradiada para os membros inferiores, que se agrava na posição de sentado. Para além da dor, existe um conjunto de sintomas associados que estão relacionados com a compressão das raízes do nervo ciático que vão sucessivamente emergindo pelos buracos foraminais ao longo da coluna, tais como sensação dormência ou formigueiro, com irradiação frequente para baixo do joelho.
            No caso da Estenose Lombar, ou canal estreito lombar, resultante das alterações degenerativas que condicionam uma diminuição do calibre do canal onde se encontra a medula espinal e as suas ramificações, a ciatalgia não é predominante, sendo característica a claudicação intermitente, uma dor e sensação de falência das pernas que surge após percorrer uma certa distância.      
            Para o diagnóstico da etiologia das lombalgias, além da anamnese e do exame físico, podemos socorrer de manobra diagnósticas como por exemplo os testes de Lasègue ou Bragard.
Para um estudo mais aprofundado recorremos aos Exames Complementares. O primeiro exame solicitado é o RX, o qual possui um interesse limitado pois só permite avaliar as estruturas ósseas e geralmente sem correlação com a clínica. Para um estudo mais aprofundado utilizamos a TAC (mais dirigida às estruturas ósseas) ou a RMN: examina todo o segmento; melhor definição para as partes moles. Este estudo pode ser complementado com a EMG para a diferenciação dos sintomas radiculares ou a Cintilografia em situações específicas.
            O tratamento das lombalgias agudas é geralmente conservador e apenas 10% dos casos requerem cirurgia. O tratamento da lombalgia tem por objectivo aliviar a dor e pode incluir repouso no leito de curta duração, analgésicos, anti-inflamatórios não esteróides (AINE), relaxantes musculares, fisioterapia e por vezes o uso de cintas de apoio lombar ou lombostatos.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Abordagem do Doente Ortopédico.


Abordagem do Doente Ortopédico.

por Amigos do Hospital de Barcelos a Sábado, 28 de Janeiro de 2012 às 11:47 ·
     Ao discutir o tema Abordagem do doente em Ortopedia é necessário clarificar alguns conceitos.
     A ideia vulgar é de que o ortopedista trata das doenças dos ossos mas a Ortopedia é a especialidade médica que trata da patologia do sistema músculo-esquelético relacionado com o aparelho locomotor. Patologias ósseas relacionadas com crânio são do âmbito da Neurocirurgia, patologias ósseas relacionadas com os ossos do tórax são do âmbito da Cirurgia Geral ou da Cirurgia Cardiotorácica e patologias relacionadas com os Ossos da face podem são do âmbito da ORL ou da Cirurgia Maxilo-Facial.
     O campo de acção da Ortopedia é o estudo, desenvolvimento, conservação e restabelecimento da morfologia e função das extremidades e da coluna vertebral, decompondo-se na Ortopediapropriamente dita e na Traumatologia.
     Como chega o doente ao Ortopedista?
     A nível Hospitalar existem 2 grandes portas: a Consulta Externa, com patologia predominantemente médica como é o caso da consulta ou o Serviço de Urgência com patologia mais do foro traumático.
     Independentemente da porta de entrada, a abordagem inicial do doente ortopédico deve começar sempre por uma História Clínica, como em qualquer outra especialidade, se bem que mais orientada para a patologia Ortopédica
     Da História Clínica devem constar
1-Anamnese ( um conjunto de questões colocadas pelo profissional de saúde que procura criar uma orientação inicial para permitir uma análise que permita chegar ao diagnóstico da doença)
2-Exame Físico ( classicamente :inspecção, palpação, percussão, auscultação (de interesse limitado na ortopedia), a que se acrescentam testes e manobras que auxiliam o diagnóstico
3-Meios complementares de diagnóstico (para confirmar ou excluir patologias depois de ter um diagnóstico de probabilidade, na sequência dos dois passos anteriores e nunca em sua substituição)
     As queixas mais frequentes do doente do foro ortopédico são:
1- Dor (definir a sua Localização, Intensidade e Tipo)
2- Deformidade
3- Impotência Funcional (perda ou diminuição da função de um membro ou articulação)
4- Claudicação: por dor; por deformidade; por impotência funcional;
     Como nas demais especialidades médicas a Dor é a principal razão que leva o doente a procurar o médico
     A dor pode ser caracterizada quanto à localização:
  • Dor Local: no mesmo local da causa desencadeante: Precisa
  • Dor Referida: Local diferente embora próximo: Imprecisa
  • Dor Irradiada: Superficial; distribuição topográfica bem definida
    A dor pode ser caracterizada quanto ao seu tipo
  • Dor Óssea: constante, surda; intensifica-se geralmente à noite
  • Dor Articular: Relacionada com mobilização da articulação; Alivia com o repouso; posições antálgicas
  • Dor Muscular: contracção do músculo; sem necessidade de mobilização articular;
  • Dor Mecânica: pode surgir de manhã ao acordar; intensifica-se com a marcha
  • Dor Inflamatória: intensifica ao acordar; obriga a levantar da cama; não alivia com o repouso;
  • Síndrome da Loca: Dor intensa que se agrava com extensão passiva dos dedos
     Após a anamnese segue-se o exame físico centrado na região afectada
1- Inspecção: permite-nos a percepção de Deformidades, sejam elas dismorfias ou dismetrias. Permite-nos ainda a avaliação da postura corporal, percepção de anormalidades da marcha ou transtornos neurológicos.
2- Palpação: permite-nos a detecção de pontos dolorosos, sinais inflamatórios, consistência de tumefacções, crepitação
3- Percussão: por exemplo sinal de Tinel para diagnóstico de Síndrome do Túnel Cárpico, ou outras patologias.
4 – Manobras ou testes específicos: Lasegue, McMurray, Apley…
5 - Determinação das mobilidades articulares e suas limitações (rotação, extensão/flexão, adução/abdução, pronação/supinação…
6- Medição do perímetro e comprimento dos membros
7- Avaliação da potência muscular
8- Exame neurológico sumário
     Estabelecida uma orientação para o diagnóstico apoiamo-nos então nos exames complementares de diagnóstico
1- RX (2 incidências, face e perfil, complementadas com outras adicionais, obliquas, trans-oral, escafóide, e outras incidências particulares), onde avaliamos:
a)Forma
b)Estrutura
c)Contornos ósseos
d)Cartilagens de crescimento e centros de ossificação secundários
e)Interlinha articular
2- RX dinâmicos
3- Ecografia
4- TAC
5- RMN
6- Cintilografia
7- Densitometria Óssea
8- Exames Laboratoriais
9- Electromiografia
10- Artroscopia
     As particularidades do esqueleto em crescimento, obrigam-nos a separar a Ortopedia, e a Traumatologia em dois grandes grupos referentes ao Adulto e à Criança, a qual cria o campo próprio da Ortopedia Infantil.
Além da Ortopedia de Adultos e Ortopedia Infantil temos a acrescentar um outro campo com patologia específica, a Oncologia Ortopédica.

Que futuro para o SNS?


Que futuro para o SNS?

por Amigos do Hospital de Barcelos a Sábado, 5 de Março de 2011 às 15:30 ·
            Há alguns anos atrás os nossos políticos entenderam que a maneira mais eficaz de ter melhores serviços público com menos custos passava por alterar o modelo de gestão, aplicando neles os mesmos princípio da iniciativa privada, tendo como objectivo fazer face às despesas crescentes com o sector da saúde. A nível hospitalar esta alteração passaria por converter os hospitais públicos em entidades que seriam geridas como empresas, criando no governo de Durão Barroso o modelo de gestão empresarial que transformou os hospitais em Hospitais S.A., renomeados E.P.E pelo executivo de José Sócrates.
            O objectivo deste modelo era conter os custos da saúde sendo entregue a sua direcção a um Conselho de Administração com vários vogais e de remuneração incógnita, frequentemente assessorados por jovens licenciados, contratados não se sabe bem como e que deveriam encarar a gestão das unidades de saúde seguindo os mesmos princípio de administração de uma outra qualquer empresa.
            A fórmula milagrosa para conter os custos passaria por aumentar a produtividade que se conseguiria impondo um aumento do número de actos médicos e de enfermagem (sem que se criem melhores condições, pois isso acarretaria mais despesa...), diminuir os encargos com remunerações.
            Este constante “espremer” dos profissionais levou a que os melhores se fartassem do sistema e abandonassem o sector público para investir em exclusivo no privado que normalmente oferece melhores remuneração e melhores condições de trabalho.
            Não são contudo os encargos com mão-de-obra os únicos responsáveis pelo acréscimo da despesa dos hospitais.
            Factores como a complexidade tecnológica crescente dos meios de diagnóstico e tratamento - inevitavelmente dispendiosa, mas que possibilita resultados inimagináveis há poucos anos - o custo adicional do desenvolvimento de novos fármacos mais eficazes e melhor tolerados, o aumento da esperança de vida da população (com o respectivo aumento de patologias próprias dos idosos), a medicina defensiva (empolada pela agressividade da comunicação social) não parecem ser devidamente tomados em conta quando se refere o aumento dos custos dos cuidados de saúde!
            A racionalização dos encargos com o SNS impõe por um lado uma maior pressão sobre o trabalhador a troco de salários cada vez mais reduzidos, numa clara desvalorização dos actos médicos e de enfermagem, mas necessita ir mais longe, o que só será possível com uma medicina de pior qualidade, com limitação de meios diagnósticos e de tratamento.
            É curioso contudo notar que este aparente poço sem fundo de despesas desperta cada vez mais a cobiça dos grandes grupos económicos que se digladiam entre si para conseguir a gestão deste ou daquele hospital.
            Privatização! Essa é a variável que alguns iluminados dizem fazer falta na saúde, cada vez mais convertida em negócio.
            Em que medida a privatização da saúde tem beneficiado o utente? A resposta é fácil e clara - EDP, PT, Transportes, Galp, Águas e Saneamento, Banca e outras empresas privatizadas: em que beneficiaram o utente? Temos tarifas mais baixas e melhores serviços ou será justamente o contrário em alguns casos?
            Lucro! Irão os privados investir num negócio que não gere lucro, um lucro compensador dos pesados investimentos?
            Será que os milhões investidos pela Banca em sistemas de Seguros de Saúde se irão perder nos hospitais-empresa que tudo prometem dar a troco de nada mais que os impostos que agora pagamos?
Dito de um modo mais claro: Quem irá esbanjar dinheiro num seguro de saúde se o Estado der uma boa resposta às carências de cuidados de saúde das populações? Irá a Banca perder milhões com o abandono dos seguros de saúde, assim tornados desnecessários?
            Não me parece. Os hospitais-empresa serão parceiros dos grupos privados no lucro que dará o negócio da saúde.
            De onde virá esse lucro que faz brilhar os olhos de todos os que vem a medicina como um chorudo negócio? Talvez seja bom começarem a pensar que esse lucro talvez possa vir do próprio bolso e de uma menor cobertura de cuidados à população...!
            ... Ou então acreditem em milagres!

Armando Emílio da Costa Caldas

Desmantelamento de Urgências hospitalares – mais um passo para a destruição do SNS?


Desmantelamento de Urgências hospitalares – mais um passo para a destruição do SNS?

por Amigos do Hospital de Barcelos a Sábado, 17 de Julho de 2010 às 12:05 ·
A gestão pseudo-economicista da saúde levou ao encerramento de muitas urgências hospitalares e à transformação de urgências médico-cirúrgicas em urgências básicas em alguns hospitais que contudo mantém actividade cirúrgica com alguma diferenciação.

Com a eliminação daquelas urgências médico-cirúrgicas não se suprime só o apoio especializado que evita um vai e vem de ambulâncias entre hospitais, mas suprime também as chamadas Urgências Internas – apoio que os especialistas dão aos doentes internados durante 24 horas.

Para além do transtorno causado aos utentes que deixam de poder contar com o apoio de especialidade no hospital que os serve e que se vêm obrigados a percorrer por vezes longas distâncias para um atendimento adequado, tal decisão acabará por ter sérias implicações também, indirectamente, na actividade cirúrgica e internamento dessas mesmas Instituições, pois acaba por deixar durante a noite os doentes sem qualquer apoio por parte das especialidades que os internaram, o que me parece particularmente assustador no caso das especialidades cirúrgicas, pois implica deixar os doentes submetidos a intervenções cirúrgicas sem o apoio da especialidade respectiva durante a noite, nomeadamente no pós-operatório.

Poder-se-ia de uma forma ligeira supor que tal afectará apenas as populações que vêm os seus serviços de urgência encerrados e posteriormente os seus serviços hospitalares, mas tal vai traduzir-se numa avalanche de procura dos Serviços de Urgência que os passarão a servir, correndo o risco de asfixiar urgências já perto do colapso. Tal premissa é igualmente válida para a actividade cirúrgica e internamento.

Estarão os hospitais destinados a recolher os utentes repatriados das urgências encerradas com condições de os receber e prestar um serviço com um mínimo de qualidade aceitável?

Concordo ser necessária uma redefinição da rede hospitalar, que o sistema actual não é eficaz e que se deixe de pagar por serviço que não é feito, mas – por uma questão de honestidade e respeito pela população, nomeadamente os mais carenciados que não têm posses para recorrer à medicina privada - talvez fosse correcto fazer o percurso ao contrário, ou seja primeiro criar as condições alternativas eficazes e só depois encerrar os serviços. É o mínimo que se pode esperar de quem se afirma preocupado com a saúde das populações.