quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Abordagem do Doente Ortopédico.


Abordagem do Doente Ortopédico.

por Amigos do Hospital de Barcelos a Sábado, 28 de Janeiro de 2012 às 11:47 ·
     Ao discutir o tema Abordagem do doente em Ortopedia é necessário clarificar alguns conceitos.
     A ideia vulgar é de que o ortopedista trata das doenças dos ossos mas a Ortopedia é a especialidade médica que trata da patologia do sistema músculo-esquelético relacionado com o aparelho locomotor. Patologias ósseas relacionadas com crânio são do âmbito da Neurocirurgia, patologias ósseas relacionadas com os ossos do tórax são do âmbito da Cirurgia Geral ou da Cirurgia Cardiotorácica e patologias relacionadas com os Ossos da face podem são do âmbito da ORL ou da Cirurgia Maxilo-Facial.
     O campo de acção da Ortopedia é o estudo, desenvolvimento, conservação e restabelecimento da morfologia e função das extremidades e da coluna vertebral, decompondo-se na Ortopediapropriamente dita e na Traumatologia.
     Como chega o doente ao Ortopedista?
     A nível Hospitalar existem 2 grandes portas: a Consulta Externa, com patologia predominantemente médica como é o caso da consulta ou o Serviço de Urgência com patologia mais do foro traumático.
     Independentemente da porta de entrada, a abordagem inicial do doente ortopédico deve começar sempre por uma História Clínica, como em qualquer outra especialidade, se bem que mais orientada para a patologia Ortopédica
     Da História Clínica devem constar
1-Anamnese ( um conjunto de questões colocadas pelo profissional de saúde que procura criar uma orientação inicial para permitir uma análise que permita chegar ao diagnóstico da doença)
2-Exame Físico ( classicamente :inspecção, palpação, percussão, auscultação (de interesse limitado na ortopedia), a que se acrescentam testes e manobras que auxiliam o diagnóstico
3-Meios complementares de diagnóstico (para confirmar ou excluir patologias depois de ter um diagnóstico de probabilidade, na sequência dos dois passos anteriores e nunca em sua substituição)
     As queixas mais frequentes do doente do foro ortopédico são:
1- Dor (definir a sua Localização, Intensidade e Tipo)
2- Deformidade
3- Impotência Funcional (perda ou diminuição da função de um membro ou articulação)
4- Claudicação: por dor; por deformidade; por impotência funcional;
     Como nas demais especialidades médicas a Dor é a principal razão que leva o doente a procurar o médico
     A dor pode ser caracterizada quanto à localização:
  • Dor Local: no mesmo local da causa desencadeante: Precisa
  • Dor Referida: Local diferente embora próximo: Imprecisa
  • Dor Irradiada: Superficial; distribuição topográfica bem definida
    A dor pode ser caracterizada quanto ao seu tipo
  • Dor Óssea: constante, surda; intensifica-se geralmente à noite
  • Dor Articular: Relacionada com mobilização da articulação; Alivia com o repouso; posições antálgicas
  • Dor Muscular: contracção do músculo; sem necessidade de mobilização articular;
  • Dor Mecânica: pode surgir de manhã ao acordar; intensifica-se com a marcha
  • Dor Inflamatória: intensifica ao acordar; obriga a levantar da cama; não alivia com o repouso;
  • Síndrome da Loca: Dor intensa que se agrava com extensão passiva dos dedos
     Após a anamnese segue-se o exame físico centrado na região afectada
1- Inspecção: permite-nos a percepção de Deformidades, sejam elas dismorfias ou dismetrias. Permite-nos ainda a avaliação da postura corporal, percepção de anormalidades da marcha ou transtornos neurológicos.
2- Palpação: permite-nos a detecção de pontos dolorosos, sinais inflamatórios, consistência de tumefacções, crepitação
3- Percussão: por exemplo sinal de Tinel para diagnóstico de Síndrome do Túnel Cárpico, ou outras patologias.
4 – Manobras ou testes específicos: Lasegue, McMurray, Apley…
5 - Determinação das mobilidades articulares e suas limitações (rotação, extensão/flexão, adução/abdução, pronação/supinação…
6- Medição do perímetro e comprimento dos membros
7- Avaliação da potência muscular
8- Exame neurológico sumário
     Estabelecida uma orientação para o diagnóstico apoiamo-nos então nos exames complementares de diagnóstico
1- RX (2 incidências, face e perfil, complementadas com outras adicionais, obliquas, trans-oral, escafóide, e outras incidências particulares), onde avaliamos:
a)Forma
b)Estrutura
c)Contornos ósseos
d)Cartilagens de crescimento e centros de ossificação secundários
e)Interlinha articular
2- RX dinâmicos
3- Ecografia
4- TAC
5- RMN
6- Cintilografia
7- Densitometria Óssea
8- Exames Laboratoriais
9- Electromiografia
10- Artroscopia
     As particularidades do esqueleto em crescimento, obrigam-nos a separar a Ortopedia, e a Traumatologia em dois grandes grupos referentes ao Adulto e à Criança, a qual cria o campo próprio da Ortopedia Infantil.
Além da Ortopedia de Adultos e Ortopedia Infantil temos a acrescentar um outro campo com patologia específica, a Oncologia Ortopédica.

Sem comentários:

Enviar um comentário