quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Desmantelamento de Urgências hospitalares – mais um passo para a destruição do SNS?


Desmantelamento de Urgências hospitalares – mais um passo para a destruição do SNS?

por Amigos do Hospital de Barcelos a Sábado, 17 de Julho de 2010 às 12:05 ·
A gestão pseudo-economicista da saúde levou ao encerramento de muitas urgências hospitalares e à transformação de urgências médico-cirúrgicas em urgências básicas em alguns hospitais que contudo mantém actividade cirúrgica com alguma diferenciação.

Com a eliminação daquelas urgências médico-cirúrgicas não se suprime só o apoio especializado que evita um vai e vem de ambulâncias entre hospitais, mas suprime também as chamadas Urgências Internas – apoio que os especialistas dão aos doentes internados durante 24 horas.

Para além do transtorno causado aos utentes que deixam de poder contar com o apoio de especialidade no hospital que os serve e que se vêm obrigados a percorrer por vezes longas distâncias para um atendimento adequado, tal decisão acabará por ter sérias implicações também, indirectamente, na actividade cirúrgica e internamento dessas mesmas Instituições, pois acaba por deixar durante a noite os doentes sem qualquer apoio por parte das especialidades que os internaram, o que me parece particularmente assustador no caso das especialidades cirúrgicas, pois implica deixar os doentes submetidos a intervenções cirúrgicas sem o apoio da especialidade respectiva durante a noite, nomeadamente no pós-operatório.

Poder-se-ia de uma forma ligeira supor que tal afectará apenas as populações que vêm os seus serviços de urgência encerrados e posteriormente os seus serviços hospitalares, mas tal vai traduzir-se numa avalanche de procura dos Serviços de Urgência que os passarão a servir, correndo o risco de asfixiar urgências já perto do colapso. Tal premissa é igualmente válida para a actividade cirúrgica e internamento.

Estarão os hospitais destinados a recolher os utentes repatriados das urgências encerradas com condições de os receber e prestar um serviço com um mínimo de qualidade aceitável?

Concordo ser necessária uma redefinição da rede hospitalar, que o sistema actual não é eficaz e que se deixe de pagar por serviço que não é feito, mas – por uma questão de honestidade e respeito pela população, nomeadamente os mais carenciados que não têm posses para recorrer à medicina privada - talvez fosse correcto fazer o percurso ao contrário, ou seja primeiro criar as condições alternativas eficazes e só depois encerrar os serviços. É o mínimo que se pode esperar de quem se afirma preocupado com a saúde das populações. 

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